05 maio, 2008

A Politica e os Partidos.

Como análise do que é um político, o professor Adriano Moreira destaca duas grandes características. Por um lado, o político é sempre aquele que abdica de si próprio, se sacrifica e assume compromissos governamentais, sem qualquer ambição, por outro, é alguém que vê no seu oponente um oportunista que lhe quer tirar o lugar, um ambicioso, que vê no exercício do poder a obtenção de regalias e de um estatuto social superior.
Acusa o mesmo autor, ainda, o político de afirmar que, sempre que exerce um cargo, o faz por convite, solicitação, em detrimento da sua ocupação, escamoteando, deste modo, que conseguiu o lugar pelo exercício da influência própria, na medida em que o politico para sê-lo “pediu, influenciou e conseguiu”.
A verdade é que o político quer o Poder para exercê-lo, no sentido em que pretende pôr em prática um projecto pessoal, mesmo que diga respeito a uma comunidade. Ora, se isoladamente não conseguir esse objectivo, ao político resta aderir a uma organização mais alargada, o partido político, que, de uma forma ou de outra, lhe garanta os meios e as estruturas para que os seus objectivos vinguem.
Só neste sentido se entende a existência de partidos políticos, porque, na sua origem, a não ser em sistemas monopartidários, oligárquicos, ou autoritários, está não uma vontade individual, mas um projecto comum para o exercício do poder em prol de toda uma comunidade e não para responder favoravelmente à vontade de um grupo de interesses, de um conjunto de personalidades notáveis ou de variadas associações, cujo objectivos são o de exercer pressão para que o poder se exerça no sentido e de acordo com interesses restritos.
É esta, efectivamente, a grande diferença que existe entre os grupos que fazem “lobby” e os partidos políticos. Também é esta a grande diferença entre os partidos e os grandes grupos económicos, sociais ou culturais, que têm objectivos e interesses particulares a defender, mesmo quando, aparentemente, esses interesses se confundem com o do Pais. O partido político tem, portanto, uma função, origem e comportamento particulares que os fazem distinguir de outros grupos sociais.

2 comentários:

Tibério Dinis disse...

Os partidos são o pilar do sistema democrático, pense-se apenas o que teria sido no pós-25 de Abril se não tivesse surgido partidos moderados que atravês da estrutura conseguiram diluir a política de rua que embora empolgante não dura para sempre.


Bom post, cumprimentos

Anónimo disse...

Só uma breve nota, ligeiramente descontextualizada. Espero sinceramente que apareça uma nova geração de melhores políticos. Denota-se a concubinagem existente dentro dos partidos, à qual, infelizmente, o meu (PSD) não é excepção. Não generalizo, óbviamente. Na minha perspectiva há que compreender melhor a política, pensar a política e executa-la com seriedade. A política pura não é um meio, é um fim, não é um princípio, é um objectivo. A política pura é uma condição. E como condição que é, urge ser trabalhada, criticada, discutida, mas acima de tudo urge ser séria. A política em Portugal, neste momento, resume-se a uma quantidade de políticos de esquina que de repente são "experts" em teoria política e em adivinhação. Falo dos comentadores, claro, que disparam em todas as direcções com esperança de acertar no "olho do boi". O que normalmente acontece, é que não acertam em lado nenhum. Por isso tenho esperança. Tenho esperança que estes exemplos sejam tidos em conta, para que no futuro os promissores jovens políticos não cometam os mesmos erros. Peço desculpa pela intromissão. Um abraço.