05 março, 2009

Assim não!



Como já foi referido neste blog, num post do Tibério Dinis e respectivos comentários, em Novembro passado, a população portuguesa vai sofrer uma redução na ordem dos 700 mil habitantes, nos próximos 40 anos.
Os dados publicados num relatório da ONU, em 2008, já tinham sido projectados pelo INE (Instituto Nacional de Estatística) muito antes. Nessa projecção do INE também se refere que o problema da desertificação das regiões do interior de Portugal vai continuar, e aponta como principais causas a diminuição das taxas de natalidade e a fuga das populações para os grandes centros urbanos.
Este fenómeno também vai atingir os Açores.

Numa análise que fiz sobre dados estatísticos da nossa Região Autónoma, verifica-se que este problema já ocorre há alguns anos e não tem tido a devida atenção por parte do Governo e dos Municípios da Região.

Nos Açores há cada vez menos população, não só por falta de nascimentos mas também porque em algumas das ilhas mais pequenas o problema se agrava com a saída de jovens à procura de melhores condições de vida e de emprego.

Há 15 anos que se assiste, impavidamente, à diminuição da população açoriana. As estatísticas, que são fundamentais para o planeamento e a adopção de medidas correctivas, não podem ser ignoradas. Os números são bem elucidativos:
Entre os censos de 1991 e 2001 houve um saldo migratório negativo de 10.240 indivíduos – o que quer dizer que emigraram, saíram destas ilhas, mais de 1000 indivíduos por ano.
Entre 2000 e 2007 houve uma redução de 3500 indivíduos no grupo etário entre os 0 e 14 anos e durante este sete anos, a taxa bruta de natalidade desceu de 13.2 para 11.7.
De 1994 a 2007 houve uma redução drástica no número de alunos matriculados no 1º ciclo das escolas da Região. Se em 1994 tínhamos 21.260 alunos, em 2007 havia apenas 13.880. Uma incrível redução de 7.380 alunos.
É muita gente que vai fazer falta ao futuro dos Açores.

Ora, se está provado que é uma maior concentração de população que leva ao crescimento das actividades económicas e à criação de emprego e se é a concentração de população que obriga à construção de equipamentos colectivos, a melhores transportes e vias de comunicação, é fundamental adoptar políticas para aumentar as taxas de natalidade e a fixação dos jovens nas suas ilhas de origem.
Se não o fizermos, cada vez mais jovens vão continuar a sair dos Açores, ou a sair das ilhas mais pequenas para as de maior dimensão e com mais população.
De entre essas políticas coloco a de habitação, que deve oferecer excepcionais facilidades de acesso, sobretudo para os jovens.
Com habitação e emprego estarão reunidas condições favoráveis a todos os que anseiam constituir família e ter filhos.


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1 comentário:

Nuno Moniz disse...

Não obstante a necessidade elementar de habitação e emprego serem condições favoráveis para a fixação de jovens nos Açores, a análise que fazes deixa de fora todas as outras questões de fora.
Muitos poucos se vão fixar numa zona dos Açores em que a única coisa que podem esperar é habitação e emprego.
Habitação e emprego se não estiver incorporado com um conjunto de outras condições não materialistas, não convence.
Falo principalmente de cultura.
Como convences alguém com habitação e emprego garantidos em qualquer cidade de grande dimensão no Continente a voltar aos Açores?
Com habitação e emprego certamente algum resultado terás. Mas será mínimo.
As necessidades das pessoas creio que não acabam nas coisas materiais.
Mas fico contente que finalmente te possa apelidar de um homem de Direita com base no teu discurso. Há uns anos atrás era confuso! Eheh.

Abraço Cláudio. E bom trabalho!