No próximo Domingo, dia 1 de fevereiro, ocorrerá uma concentração de praticantes de desportos de ondas no Terreiro de São Mateus pelas 13h00m, Ilha Terceira.
O objectivo é chamar a atenção das autoridades competentes para que se proceda a um ajuste na intervenção, junto à zona onde se pratica surf e bodyboard, sem desvirtuar a filosofia geral do projecto que vai do Terreiro de São Mateus até ao Negrito, pelo litoral de elevado valor lúdico e paisagístico.
Sendo os desportos de ondas uma actividade que ocorre principalmente na Época Baixa acham os seus praticantes que é do interesse do todos, principalmente da freguesia de São Mateus e do seu anunciado Roteiro Turístico, que dentro do razoável se preserve essa zona de surf que é a única de toda a Costa Sul da Terceira sendo um excelente complemento em toda a oferta lúdica disponível na freguesia e concelho de Angra.
Os proponentes, conscientes das dinâmicas em jogo, sugerem que a obra avance começando no sentido Negrito – Terreiro para que assim não se atrase o início da mesma e haja tempo para repensar o pequeno troço final, junto à zona de desportos de ondas, no Terreiro de São Mateus.
13 comentários:
Boas… Sou bodyboarder e essa onda do Terreiro já me deu muitas alegrias, a mim e a comunidade de surfistas da ilha e não só, porque já lá vi surfistas de muitos lugares. Repensem melhor no projecto porque existem alternativas mais ambientalistas, naturais e mais baratas (o que não é de interesse para o GOVERNO porque assim não rende €€€)…
Ps: Isso era como chegar a fachada da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo e levantar uma parede de blocos e deixar uns quadrados para as janelas e portas, que se lixe o Património Mundial da Unesco meter cimento e “ pés de galo “ por toda a orla costeira de toda a ilha é que salva as eleições.
“ Cego não é aquele que nasceu com cegueira, mas sim o que tem olhos e não vê…”
Samuel Barcelos
A valorização do ambiente natural e cultural/etnografico é algo que defendo para o Mundo, e claro para os Açores. Sendo esta valorização um objectivo de todos, não faz sentido destruir/deturpar o que a natureza moldou ao longo de milhares de anos... a onda do Terreiro de S.Mateus. Esta onda que parte em um lugar mitico, onde piratas lutaram e tentaram desembarcar(alguns conseguiram deixando um fascinante património genético)onde ainda existem muralhas seculares...
não deve haver pressa para fazer obra. As obras costeiras devem ser bem ponderadas e quando o são, os gastos a médio/longo prazo são compensados. Quando isso não acontece... basta olhar para a costa da caparica, costa da vagueira e costa nova. A "nossa areia" é mais grossa mas é também dinâmica.
Se esta obra andar para a frente, só mostra o total desrespeito que os políticos tem em relação a todo o PATRIMÓNIO que nos rodeia. Desde o Ambiental, Cultural, Histórico entre mtos outros.
No meio da educação, felizmente foram criadas competências no contexto da Açorianidade em que diz que os jovens diplomados do ensino básico deverão ser capazes de:
Competência nº15 "Contribuir para a valorização do Património natural e cultural articulando conhecimentos históricos, culturais e científicos."
Competência nº16 Convocar conhecimentos sobre contextos de integração açoriana para perspectivar o lugar dos Açores no mundo;
Ou seja, quem idealizou e aprovou este projecto certamente não deve ser das ilhas e se fosse hoje em dia não passaria do ensino básico.
Espero que os Jovens açorianos consigam adquirir estas competências essenciais.
Vivemos num milagre da natureza, 9 ilhas vulcânicas banhadas pelo atlântico, restos de uma talvez perdida Atlântida, outrora berço do homem... pedimos apenas que respeitem o lugar em que vivemos, o protejam, e que aproveitem e vejam nele toda a sua beleza natural. Pés de Galo, Arranha-Céus, Cimento e Ferro é do que mais se vê no resto do mundo, no entanto viver num céu como só nós temos todos os dias é uma verdadeira benção. O que nos separa dos "outros" é esta beleza natural que nos rodeia, se a destruirmos tornamo-nos iguais aos "outros", e ai nao mais seremos açoreanos... Abram os olhos, olhem para o mundo, olhem para nós, PAREM um segundo, e vão ver que a resposta é simples...Salvem o Terreiro...Salvem a Beleza Natural dos Açores!!
A opinião é unanime, não custa nada preservar. Pequenas alterações a grandes projectos podem contribuir para o progresso e simultaneamente preservar um bem e uma prática desportiva.
Haja Saúde
O repovoamento de linhas de costa abandonadas pelos antigos pode ser uma grande imprudência com custos futuros muito elevados para o Estado e, obviamente, particulares. Há sempre imprevistos esquecidos, de grande potencial danoso, por detrás desses abandonos de zonas específicas da costa por uma comunidade. Repovoar esses locais é redescobrir esses perigos que, já esquecidos, sempre estiveram lá.
E a total descaracterização das nossas costas para não falar do interior,xixa!
Algures no Outono de 1982 na companhia de alguns amigos que comigo surfavam as ondas da Terceira desde o início de 1981, nomeadamente o Toné e o Chico,já não tenho bem a certeza se nesse dia mais alguém entramos pela primeira vez e surfamos constatando ser o "Terreiro", assim bapizado por nós por razões óbvias uma onda de primeira qualidade para a prática do surf, completam-se portanto quase três decadas de milhares de ondas surfadas por locais e forasteiros dos quatro cantos do mundo, realidade que talvez passe despercebida ao cidadão comum mas do conhecimento da comunidade surfistica nacional e internacional.
Convirá talvez reflectir sobre isto antes de se partir para uma obra que irá desvirtuar a ser executada ainda mais a Ponta da Igreja Velha de São Mateus,paisagem caracteristica da nossa Ilha Terceira sem que benefícios dái advenham. A linha de costa no local está naturalmente protegida pelo fundo raso onde a rebentação acontece fazendo dissipar a energia da ondulação, na verdade no decorrer dos anos a única erosão verificada foi ao nível da muralha edificada e com algum valor histórico que tlavez justifíque a sua consolidação por esse motivo.. ou não. sinceramente quanto a isso desconheço, agora efectuar obras de proteção alterando tão drásticamenta a linha de costa a paisagem e acabar com património (a onda)natural penso ser matéria a discutir e expor á opinião pública para discussão.
Fazendo votos para que se reconsidere, os meus agradecimentos pela possibilidade de assim expressar a minha opinião.
Cumprimentos.
Carlos Gouveia
O tempo ou o passar deste demonstram que no caso do Terreiro o mar nunca ameaçou qualquer habitação alí edificada, no entanto embora não conheça os detalhes sei e é do conhecimento geral que não se pode a uma certa distância da orla marítima e a uma determinada quota construir.
Quanto ao caso do Terreiro, em termos de ondulações ditas normais provenientes de ventos locais ou de tempestades distantes focos de ondulações ditas inchas lavadias ondulações de fundo etc. é evidente não haver problema.
Se o que está em causa é a segurança das pessoas.. então aí a solução passa por realojalas noutro lugar, pois o verdadeiro perígo no Terreiro e lugares sememlhantes que abundam nas nossas ilhas são os Tsunamis gerados na Falha Goringe a Sudoeste do Algarve e que a par da falha a Oeste de Sumatra na Indonésia a falha de Porto Rico e a do Peru é uma das quatro maiores geradoras de Tsunamis no planeta. Em caso de Tsunami e face a ondas de natureza diferente quer em termos de péríodo e de velocidade e tamanho temos um grande deslocamento de água á superfície e não apenas um movimento oscilatório de água como nas ondas normais.... é optar entre casas estrada e arredores cobertos de água ou de estas mesmas casas estradas e arredores cobertos de tetrapodos e de água isto com a diferença de se ter gasto mais uns euros daqueles com que todos nós contribuimos no dia a dia para o porquinho do nosso "quintal" poque é verdade no caso dos tsunamis os tetrapodos são MUNIÇÃO e não PROTECÇÃO.
P.S.: O banco Goringe trabalha em grande aproximadamente a cada 200 anos, desde o "Big One" de 1755 já vão quase 300.... sinceramente que continue quieto.. mas talvez devessemos partir o porquinho com soluções que realmente pudessem proteger as populações que vivem na orla mais junto ao mar
Gostava de compreender o porque deste medo de perder uma onda que vem do largo relativamente a um talude de protecção que se encontra implantado em profundidades quase sempre acima do Zero Hidrográfico?
É claro que a agitação local, é a resultante da interacção da agitação incidente com a linha costeira, composta por praias, arribas, estruturas costeiras, etc.
Não sou surfista, adoro as ondas e por isso as estudo, mas não vejo o porque dos surfistas terem um estigma tão grande relativamente às obras marítimas.
Primeiro é preciso entender bem qual o objectivo das mesmas e depois perceber se realmente provocam alguns estragos ou não.
A linha costeira das ilhas açorianas estão cheias de afloramentos rochosos, a criação de retenções em taludes de enrocamento, não é nada mais que uma reprodução desses fenómenos naturais.
No caso do Terreiro de S. Mateus penso que face à situação actual em que não existe qualquer talude, só haverá melhorias, pois o talude ajudará a dissipar a energia da onda que ai incide reduzindo a sua reflexão que iria afectar a onda incidente. Gostava que os surfistas me explicassem melhor como neste caso podem perder uma onda. o efeito do talude é inferior ao do muro vertical que agora lá se encontra, ou apenas em parte.
Muito obrigada pela atenção
pulsar
Olá Pulsar !
O problema é que o talude ficaria pelo menos segundo o projecto inicial exactamente sobre o espaço onde hoje é mar e se processa grande parte da onda surfavel, a muralha actualmente apenas na maré cheia e em certos dias por causa do efeito de "backwash" ou rechaça estraga um pouco a onda mas a obra pelo menos como inicialmente projectada seria o fim da onda, as ondas surfaveis são uma percentagem infíma da costa, mesmo literalmente falando. Acho que devemos atender a isso e tambem ao facto de na verdade a área em causa constitui naturalmente pela sua morfologia de fudo dissipador de energia uma protecção natural á linha de costa.
Mas melhor do que esta explicação é pedir uma prancha emprestada e remar para o "pico" zona onde se apanha a onda, na companhía de surfistas locais e tentar disfrutar do prazer de surfar uma onda ou pelo menos sentir o surf pois surfar á primeira é algo tambem pouco frequente.
Espero ter contribuido em algo para a explicção que pediu.
Cumprimentos
Carlos Gouveia
Em resposta as duvidas apresentadas:
"compreender o porque deste medo de perder uma onda"
Porque existem muito poucos locais que permitam a prática de surf. Na costa sul, da ilha em questão, só dois lugares são possíveis!
Obviamente não compreende o receio porque, palavras suas: "Não sou surfista"
A reação a esta obra deveu-se principalmente porque, afirmação sua: "é preciso entender bem qual o objectivo das mesmas" - Não foi apresentado ao grupo de cidadãos em questão (sejam surfistas, pescadores de calhau, banhistas, etc.) nenhum estudo ou proposta acerca desta intervenção. Ninguém viu ou sabe em concreto o que vai "nascer" e qual o seu impacto.
No que refere em relação a: "e depois perceber se realmente provocam alguns estragos ou não"
Visite as várias obras de engenharia costeira existentes no restante pais (costa da caparica, costa nova, vagueira, etc.) onde a ideia de ver os estragos depois não foi certamente a melhor. Se estuda as ondas, consulte os trabalhos do Prof. Alvarinho Dias (UAlg) sobre o assunto.
Se entende de ondas, entende também que estas rebentam em função da sua altura em relação ao fundo. A muralha existente está a uma distância x metros do local da quebra de onda (com uma altura y). O talude irá ficar colocado a uma distância x (muralha atual) + z (espaço que irá ser tomado ao mar) metros. Se pensar um pouco entende que esta obra costeira possivelmente irá provocar em primeiro lugar a impossibilidade da prática dos desportos de ondas nos dias mais pequenos. (ou não?)
Acima de tudo temos medo porque não sabemos e que se passa e não existiu Avaliação de Impacto Ambiental que clarifica-se o que se quer ali fazer. Não existiu participação pública. Esta forma de agir não é a politicamente correta e esta não e uma forma de gestão integrada do Litoral.
Muito provavelmente se a participação houvesse, não haveria tanta tinta a correr...
Espero que esteja esclarecido dos medos que assolam os surfistas, e em particular a mim.
Cidadão de S. Mateus
Obrigada pelos esclarecimentos. Infelizmente não estou na ilha para poder disfrutar de uma visita ao local de prancha na mão, mas gostaria muito, na certeza de não conseguir surfar, mas de poder disfrutar.
Já agora aqui vão mais algumas dúvidas, caso possam ajudar agradecia.
Relativamente ao facto de não ter havido estudo de impacte ambiental e discussão pública, acredito que tal só teria ajudado, mas para haver discussõrs construtivas também é preciso as pessoas perceberem do que se está a falar e o discutirem de mente aberta.
Para quem consultou o projecto e conhece o propósito desta obra, este resume-se a erguer a parte da muralha que colapsou e proteger o pé a muralha na sua totalidade da acção directa do mar, acção que provocou a infra-escavação que causou o colapso da muralha.
Daí ter surgido a necessidade de um talude de enrocamento. Gostava de saber que tendo em conta que este talude é a solução mais económica e a que melhor se adapta ao muro já existente que largura este poderia ter de forma a não entrar dentro da zona em que se pratica o surf. Qual a sensibilidade de um surfista. Pois acredito que só consigam surfar a mais ou menos trinta metros da muralha.
Muito obrigada
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