01 dezembro, 2008

Paralelo de Debate

Devo confessar que foi motivo de alguma reflexão a escolha do tema para o primeiro post aqui no Paralelo 37. Tal como o Tibério Dinis, também eu desejo seguir aqui uma linha diferente daquela da Máquina de Lavar, no entanto já sei que tal não será tarefa fácil.

Este blogue tem, porém, uma qualidade que nem a Máquina de Lavar nem qualquer outro com base nos Açores tem: é composto por um grupo de jovens interessados em debater assuntos do nosso interesse comum. Há muito que tenho consolidado o pensamento que os blogues são excelentes plataformas para a discussão de ideias; reunindo as condições necessárias para serem autenticas tertúlias virtuais. O Paralelo 37 tem agora todas as condições para estar na vanguarda desse espaço virtual de discussão, que se quer saudável, mas sem receios de confrontar opiniões.

Um bem-haja a todos!

16 comentários:

Duarte Borges disse...

"mas sem receios de confrontar opiniões"
Pelo que sei alguém, retirou a oportunidade de anónimos dar a sua opinião, e porquê? Por ter medo de confrontar opiniões e de ouvir algumas verdades? meus amigos temos que saber ouvir as críticas e não só os elogios, sou militante social democrata, mas existe militantes que me decepcionam, principalmente aqueles que só andam na politica atrás de interesses próprios e fazem ou querem fazer da politica um "pé de meia" para a sua vida. Como quem não deve não teme fica aqui o meu comentário para quem servir.Vão vir cá bater á porta.Força Luís Pires continua a batalhar...Espero que este comentário seja aprovado pelo autor do blogue visto não ser anónimo, enfim...

Rui Rebelo Gamboa disse...

Caro Duarte Borges,

O problema dos comentários anónimos é o seu uso abusivo. Penso que é revelador da personalidade de uma pessoa quando usa o anonimato para lanças as maiores calúnias e boatos vis. Porque, até certo ponto, aceito o uso do anonimato em situações muito particulares.

Cumprimentos!

Tibério Dinis disse...

Antes de mais as boas vindas ao colega Rui Gamboa.

Sobre os comentários anónimos, estou há um ano na blogosfera e o In Concreto sendo básicamente sobre política era previsivel o mau uso por anónimos, tal nunca aconteceu. Nunca apaguei um comentário o limite foi reservar-me o direito de guardar os ip's.

Quanto à censura, o Paralelo 37 tem na minha opinião excelente ponderação, aqui há umas semanas discordei do amigo Claúdio - ainda não era contribuidor - e a resposta não poderia ter sido mais aberta possível, respondeu cordialmente e dias depois convidou-me para contribuidor. Desta forma, acho imoral acusar este espaço de qualquer censura ou fecho ao debate.

Haja Saúde

Duarte Borges disse...

Boa noite, fico contente pelo meu humilde comentário, estar a ser alvo de comentários, visto ter notado que os posts que os colaboradores têm colocado aqui praticamente não existem comentários. Isso sim é confronto de opiniões. Bem haja!

Claudio Almeida disse...

É agradável ler boas referencias ao Paralelo 37.
Reforçados que estão os objectivos preconizados na sua criação, agora pela participação de novos valores, será muito interessante que do debate das ideias
surjam sugestões que possam conduzir à tomada de medidas adequadas à solução de problemas que afectam as nossas ilhas. É uma tarefa difícil, mas possível.

P.S.- O problema dos comentários anónimos é o seu uso abusivo, como refere o Rui. Estou sempre aberto ao debate de ideias.

Abraço

Diogo Duarte disse...

Quem não dá a cara pelos comentários que faz, não tem direito algum de ver o seu comentário aprovado. As coisas a sério, fazem-se com gente séria!
Assim neste blog muitos dos que antes andavam a comentar em anónimo tiveram agora a oportunidade de se registarem e poderem mostrar algo que não o anonimato.
Quanto a haver na política gente por interesses próprios, meu amigo, isso há em todo o lado. Mas também há aqueles que nem lá andam mas que só sabem mandar bitaites sobre os seus partidos em sítios pouco apropriados para quem se assume como um militante. Entre esses dois tipos de gente, venha o diabo e escolha!

Tibério Dinis disse...

Duas notas:

Pessoalmente nada tenho contra o anonimato, desde que tenham ideias válidas até costumo interagir com anónimos. O problema é quando se ultrapassa a fronteira do respeito.
A essência da blogosfera são as ideias, o anonimato não mexe comigo.

Outra nota, ao comentário do parceiro e colega Diogo Duarte que ainda não tive o prazer de conhecer. Qualquer sitio é bom para o debate de ideias sobre os partidos, os partidos não podem ser limites à liberdade de expressão. Posso ser do partido X e discordar da sua política ou do seu líder nesta ou em todas as questões. Actualmente critica-se os militantes que na "praça pública" criticam o próprio partido, enquanto assim for nunca me irão ver num partido, seja ele qual for. Talvez por se abafar as ideias dentro dos partidos é que estes não têm ideias nem alternativas, veja-se o caso do PSD/Açores - que conhecem bem melhor do que eu - onde não é capaz de criar uma alternativa a Berta. Faltam ideias aos partidos.

Haja Saúde

Diogo Duarte disse...

Caro Tibério Dinis

Não há qualquer dúvida quando dizes qualquer sítio é bom para debate de ideias sobre partidos. Também concordo contigo quando dizes que cada um é livre de discordar das políticas do seu partido. Eu também discordo de algumas políticas do partido de que sou militante. Mas criticá-lo em praça pública? O meu partido cria espaços de debate, espaços para os quais os militantes são convidados a expor todo o tipo de opiniões. Eu já o fiz quando achei necessário. Poucos, ou sempre os mesmos o fazem. Muitos daqueles que criticam por "fora", nunca aparecem "lá dentro".
O PSD Açores que eu conheço não abafa ideias nem opiniões, e as crises de liderança, e de alternativa acontecem em todo e qualquer partido independentemente de omitiram ou não ideias e opiniões.
Portanto, tal como não critico os meus pais e irmãos fora da minha casa, não critico o meu partido fora dos sítios que ele me faculta para tal.

Tibério Dinis disse...

Caro Diogo a comparação à família é bonita, mas apenas isso. Os partidos têm que ser os primeiros fóruns de discussão, sei que têm os sitios criados pelo partido. Agora não compreendo o porquê do medo da praça pública. Nos EUA este ano viu-se um partido a bater-se com críticas internas como nunca se viu Clinton e Obama batiam um no outro diáriamente, e o partido não saiu fragilizado com isto pelo contrário.

A praça pública é o local da política, veja-se os primórdios da democracia em Atenas. Sei que não é viável que assim seja, mas para a praça pública todos os militantes têm que concordar com o líder? É inviável, por isso é que o cidadão comum deixa de acreditar na política, porque pensam todos da mesma forma e não t~em opiniões próprias.

Veja-se o caso de Manuel Alegre que é sem dúvida nesta altura o parlamentar da AR mais respeitado pelos cidadãos, porque sabem que ele tem opiniões e convicções próprias.

Amigo Diogo, creio que o PSD/A não é um partido qualquer 12 anos (a ir para 16) na oposição e sendo a única alternativa ao PS tem forçosamente que apresentar alternativas e não apenas uma visão única para os Açores.

Haja Saúde

Duarte Borges disse...

Bom dia, bem parece que alguém reage mal aos meus comentários,nem vou dormir, é assim meus amigos se um militante não pode dizer o que pensa do seu partido, se este mesmo militante é censurado nos seus comentários, não percebo como o partido vai ganhar eleições, vai ganhar eleições com quem? Talvez com alguns putos mimados que provavalmente a unica batalha politica que travaram foi por um lugar na Jota de algum Concelho ou Ilha, ou então vamos ganhar eleições com os mesmos derrotados de 12 anos(aliás 16 anos)? Sim porque cá para mim pode mudar o líder(muito bem)mas os "abutres" serão praticamente os mesmos à excepção daqueles que conseguirem engraxar e lamber melhor as botas, porque desses existem muitos e por acaso têm muito receio dos militantes que falam na praça pública da desilusão e do descrédito que o nosso Psd caiu.
p.s. Bem mais uma vez terei que passar pela censura antes do comentário ser aprovado e autorizado, é a democracia no seu melhor.... já agora desculpem os erros, não sou estudante nem licenciado!

Diogo Duarte disse...

Caro Tibério Dinis

A democracia americana é muito diferente da portuguesa. A começar pelas mentalidades.
A militancia existe porque para o bem e para o mal estaremos com o partido. No caso do "mal", como militantes que somos, temos o dever de ajudar a melhorar. E ajudar a melhorar um partido não é exprimir as nossas opiniões em praça pública. Os partidos vivem do voto popular. Qualquer mostra de desunião interna só fará com que o partido se enfraqueça. Uso mesmo o teu exemplo do Manuel Alegre, nas presidenciais. O Manuel Alegre tirou eleitorado ao PS. Sensato seria ter-se desvinculado do partido, porque como militante, não contribuiu em nada de positivo para o seu partido, muito pelo contrário correu CONTRA o seu partido.

Quanto ao PSD Açores, como já disse, as crises partidárias são normais. Todo o partido, principalmente os partidos que lutam directamente pela governação, estão mais vulneráveis a este tipo de situações. Para nós um ano tem 365 dias. Para vida de um partido um ano tem 4 x 365 dias.
"Visão única" quem a tem é o PS Açores, e é por causa dessa visão única que sofrem os Açores. Um partido que governa os Açores tem de ter uma visão pautada por 9 particularidades.

Tibério Dinis disse...

Depende daquilo que se quer dos partidos, actualmente os partidos não devem ter militantes acima de 30% da população portuguesa - digo eu, não sei números - se queremos chegar o cidadão comum à política estes têm que se chegar primeiro aos partidos. Os partidos ao terem apenas uma unica visão nunca poderão englobar grandes faixas da sociedade. Como vêem sou atento à política, mas não me meto num partido porque se não dobrar a lingua serei sempre visto de lado.

Manuel Alegre deu uma lição ao PS e aos partidos portugueses, conseguiu através de um plataforma civil um grande movimento que poderia te-lo levado à presidência, não concorreu contra o partido o partido é que o colocou de lado e ele acho que tinha condições e realmente as tinha.

Quanto à realidade Açores e em geral, o partido que esteja no poder é normal ter uma única vião, as coisas correm bem e têm resultados, agora num partido que está à 12 anos na oposiçãp tem que trabalhar e mostrar alternativas e não as tem. Admiro a Sra Berta e muito digo já, o problema está na forma como o partido não apresenta alternativas a si próprio.

Acredita há criticas na praça pública que ajudam muito mais aos partidos - porque são fundamentadas e coerentes - do que as palmadinhas nas costas a dizer yes men. Admiro muito mais um político que discorda de uma má decisão do líder, do que os que se calam.

Haja Saúde

Rui Rebelo Gamboa disse...

Bem, ainda bem que já começou o debate.

Já muito se disse sobre o assunto, mas não posso deixar de concordar com o Duarte, pela simples razão que os partidos criam, de facto, espaços para o debate interno. Aliás, haverá em Janeiro um Congresso que tem como finalidade, além da eleição dos corpos do partido, a apresentação e discussão de ideias e é um espaço que está aberto à comunicação social.

Esse e outros, são os espaços que os partidos colocam ao dispor dos seus militantes para debaterem ideias, são essas as alturas próprias.

Eu também bem gostava que fosse possível podermos criticar abertamente o partido de que fazemos parte na praça pública. Mas acontece uma de duas coisas se se faz isso: ou quem critica não tem expressão e a sua critica cai em saco roto, sendo o próprio que acaba por ser um pouco marginalizado; ou quem critica tem já algum peso dentro do partido e aí os adversários políticos e media aproveitam-se dizendo que o partido está dividido e se não tem capacidade de se governar a si próprio, não terá capacidade para governar aquilo a que propões (seja Goveno Regional, Republica, etc). E esta situação é terrivelmente pior quando um partido de poder, como é o PSD, se encontra na oposição, porque se está no poder, como é o caso do PS e do Manuel Alegre, passa relativamente incólume.

Quanto a não existirem alternativas à Dra Berta Cabral: por princípio não gosto de unanimismos, mas esta é uma situação muito particular, uma vez que o PSD Açores conhece bem a situação do PSD nacional, onde a divisão mina cada liderança, de forma irreversível (veja-se as criticas a Luis Menezes e Marques Mendes). Por outro lado, ainda há um ano atrás o PSD teve eleições directas regionais, com três candiaturas, provando que há alternativas e que há diferentes formas de entender a direcção que o partido seve tomar. Neste momento, por força dos 12 anos de oposição, por força da situação do PSD nacional e por força da capacidade aglutinadora que a Dra Berta Cabral tem, não surgem alternativas. Como disse, porém, eu prefiria que as houvesse. No entanto, estou certo que o Congresso trará muita discussão e muitas alternativas sobre como conduzir os destinos do PSD e a direcção que a Dra Berta encabeçará retirará aquilo que de melhor entender de cada uma. Estou certo que não será uma liderança autista.

Por fim, quero dizer que a critica que falamos aqui deve ser entendida como critica construtiva e não a critica fácil, porque essa nem vale a pena discutir.

Enfim, havia mais a dizer, mas o tempo não o permite. Gostava que pudessemos discutir aqui o que pode ser feito pelos partidos para atrair jovens (e não só) com capacidades de dar algo de novo. E, por outro lado, a razão porque os jovens não se chegam à frente, quando sabem bem que têm essas capacidades.

Cumprimentos a todos!

Tibério Dinis disse...

Continuo a discordar,assim sendo não precisamos de deputados. Basta um deputado de cada partido. Basta apenas uma única vião.

Por exemplo, são raros os casos em que um deputado vota de forma diferente há sua bancada parlamentar. Temos 230 deputados na AR e 57 na ALRM e apenas 6/7 de pensar. Não creio que em grupos parlamentares de de +20 pessoas todos pensem da mesma forma. É isso que descredibiliza a política junto do cidadão comum: "pensam todos da mesma forma para quê votar ou para quê tantos deputados?" Eu acredito e muito nos parlamentos, mas a prática diz-me o contrário.

Os partidos criam espaços próprios, mas há assuntos que pela sua circunstância têm que ser desde logo comentados e analisados. Veja-se casos de incoerências absolutas, a JS defende os casamentos entre pessoas do mesmo sexo, houve deputados da JS a escreverem e opinarem a favor e quando chegou à hora da votação foram votar contra, salvo uma única excepção.

Isto que quero combater. Claro que as disputas de liderança devem ser internas, nisso estamos de acordo, mas em matérias ordinárias e normais à vida política não vejo qualquer impedimento.

Caro Rui, aceito o desafio. Pelo menos, para explicar a não atracção dos partidos.

Haja Saúde

Diogo Duarte disse...

Caro Tibério Dinis,

Seguindo esse teu racicínio chego à conclusão que não deveriam existir partidos.
Os deputados existem em elevado número por exigência dos circulos eleitorais. E se possível é sempre necessário mais do que um deputado, de forma a que os variados assuntos discutidos em plenário, possam ter alguém nas bancadas parlamentares "especializado" nesses assuntos. Uns perceberão melhor de economia, outros de educação, etc.
Os partidos e os parlamentos existem como aglutinadores fáceis de opinião. Se fosse para haver 230 ou 57 opiniões diferentes que sentido faria votar em partidos e eleger parlamentos?

Tibério Dinis disse...

Caro Diogo Duarte,

respeito a tua opinião, mas não estás a aplicar o sistema português. Em Portugal cada deputado tem um voto e responde apenas pelo seu voto, não há votos de partidos.

A tua formulação da "especialização" também não é verdade, primeiro porque os partidos não a põe em prática nas suas listas, não há grande diversificação nas áreas de conhecimento, segundo, os partidos têm grupos de trabalho - estes sim especializados - ou fazem o trabalho de casa - investigação. Porque senão como haveria grupos parlamentares fortes de um único deputado?

Na tua formulação, não precisamos deputados, podemos fazer +- como nas sociedades anónimas com as acções preferênciais. Todos os partidos teriam o mesmo número de deputados - para haver igualdade na especialização - e cada partido teria um voto, que corresponderia à % do resultado eleitoral.

respondendo à tua pergunta, os partidos são importantes e são bases ideológicas, mas não são taxativos. Por isso é que mesmo dentro dos partidos há diversas visões. O deputado responde pelo seu voto, e acho patético terem uma opinião pública num sentido e votarem noutro sentido na AR.

Compreendo que defendas a coesão dos partidos, mas não podes esqueçer que temos uma democracia representativa e que tem que haver um elo entre representado e representante. E que o deputado tem autonomia em relação ao partido. Quando chega à hora de votar, não existem partidos, existem deputados.

Haja Saúde