Nicolau Maquiavel (1469-1521) foi no séc. XV, XVI, XVII, um dos (considerados) maiores teorizadores da política até então conhecidos. Diz-se que o florentino foi o fundador da Ciência Política, que entendeu o papel que tem a psicologia no campo da política, que foi inovou ao falar em Razão de Estado, como sendo o único propósito que os governantes deveriam seguir, em vez de se subordinar a uma força divina, Deus, e ser legitimado pela vontade popular que transferia, melhor expressão, delegava, o poder de Deus para o governante.
O autor, que muitos dizem ter sido mal compreendido no momento em que lança a sua maior obra, é no entanto o propulsor do maquiavelismo, termo, hoje, conotado e usado com sentido negativo, mau, pérfido. A sua maior obra é O Príncipe.
Na transição da Idade Média para a Idade Moderna, vários são os contributos que Maquiavel vem dar. Um deles, e uma das frases referência do autor são relativas à finalidade do exercício do poder. Qual a finalidade do poder? Na Idade Média, nos países Católicos, dir-se-ia, o bem comum. O rei não era mais do que um subordinado às leis divinas e a Deus. Seria o seu vigário na Terra. Na Idade Moderna o bem comum, dá lugar à conservação do poder, como finalidade única do exercício de um cargo público.
Isto na Idade Moderna, que vai, até finais séc. XVII, período das movimentações liberalistas.
A questão que faço, humildemente, é: e hoje? Qual é a finalidade do exercício do poder, quando este é directamente e soberanamente legitimado pelo povo? Será o bem comum ou a conservação do poder?
O que significa eleitoralismo? Bem comum, ou conservação do poder?
A questão é retórica porque a resposta é óbvia.
Como é possível em favor de um ou uns, prejudicar-se muitos outros? As reformas necessárias, tanto faladas e propaladas, são palavras sem substância, que nos actos, não têm qualquer consequência. Não caímos, assim, para o relativismo, para a política/espectáculo/circo, em vez de uma política para as pessoas e de um Estado institucional em que os lugares ficam e os governantes passam?
Hoje pensa-se política, sem se pensar num modo pejorativo e degradante?
Nota: aceitam-se correcções se existir alguma imprecisão histórica.
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