Por mais que os nossos Governantes Regionais fechem olhos, os mais atentos sentem, vêem e denotam que a desertificação de algumas Ilhas e Concelhos dos Açores cada vez cresce mais.
Com a deslocalização de serviços para os grandes centros açorianos, com uma crescente centralização político-administrativa dos Açores, com o fecho de alguns serviços essenciais de primeira necessidade (alguns nem chegam a abrir), com o retirar de equipamentos e recursos humanos importantes ao desenvolvimento e a uma qualidade de vida de algumas ilhas, com a falta e incentivos financeiros nas políticas agro-ambientais e industriais na Região e com a ausência clara de incentivos à fixação de jovens nos Açores, são razões mais do que suficientes para afirmar que o Governo Regional Socialista apresentou, ao longo dos últimos anos, os ingredientes necessários ao agravamento desta problemática – desertificação.
Há décadas que os autarcas dos Açores têm mostrado a sua preocupação em dotar as freguesias e concelhos de infra-estruturas que aliciem a fixação das pessoas e contribuam para o bem-estar e uma melhoria na qualidade de vida para todos, mas infelizmente, as Autarquias não podem realizar sozinhas esse trabalho, pois do outro lado, vemos um Governo partidarista que só governa para os seus e não tem efectivamente um política sustentada e alicerçada para combater este problema.
Contudo, é com bons olhos que agora, já em final de mandato, mais de 11 anos depois, Carlos César admite concentrar a sua acção nas pessoas, em políticas sociais. Já vem tarde…os açorianos sempre existiram. Outro facto importante de realçar é que a Juventude Partidária do Governo anda, como quase sempre, a reboque da Juventude Partidária da Oposição, pois só agora é que começou a olhar para desertificação como um problema grave dos Açores. Ainda bem…mas também já vem muito tarde.
Caro leitor, é necessário, de uma vez por todas, que nos Açores se faça um planeamento estruturado do território, apostando nas riquezas endógenas e cativando o investimento exterior. É necessário criar verdadeiros incentivos para a fixação de empresas e de jovens (incentivos financeiros e fiscais). É necessário apostar nas energias alternativas, na preservação dos centros históricos e no turismo cultural.
É igualmente urgente apostar numa rede de transportes de qualidade, que ligue os Concelhos e Ilhas dos Açores, para permitir o escoamento dos nossos produtos, para permitir mobilização interna dos açorianos. Transportes céleres e muito menos dispendiosos exigem-se, pois só assim se poderá gerir riqueza e emprego.
A desertificação combate-se com políticas concretas, integradas, ouvindo os representantes o poder local, profundos conhecedores da realidade, e não com medidas avulsas, esporádicas e sem nexo. Os Açores não têm, mas precisam de uma política de Juventude com reais efeitos na vida dos jovens.
Rómulo Medeiros Ávila